Odontologia do idoso

Odontologia do idoso

O atendimento odontológico para idosos requer cuidados diferenciados, que levem em conta seu histórico médico, com a colaboração de profissionais de diversas áreas, como medicina e psicologia.

 
A conclusão está no livro “Odontogeriatria – Uma Visão Gerontológica”, escrito pelos dentistas Fernando Montenegro, do Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza (mantido pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP) e Leonardo Marchini, professor assistente da UNITAU, professor responsável por oclusão da UNIVAP e docente do Programa de Pós-graduação em Biopatologia Bucal da FOSJC-UNESP. Além de dentistas, a publicação contou com a colaboração de gerontólogos e psicólogos, abordando patologia, farmacologia, tratamento odontológico em casos de Alzheimer, Parkinson, câncer, doenças cardiovasculares e AVC, além do atendimento odontológico em UTI e em domicílio.
 
De acordo com o Dr. Fernando Montenegro, uma abordagem global faz toda diferença no tratamento ao idoso. “O paciente necessita de um tratamento em que seu histórico médico seja levado em consideração”, aponta. “É importante que o dentista tenha um bom relacionamento com os demais médicos do paciente, porque nem sempre ele vai dizer ao seu dentista se está com o diabetes controlado, por exemplo. E essa é uma informação importante, que pode ter influência no tratamento.”
 
O caminho inverso também é importante. O principal problema bucal que afeta os idosos, a redução do fluxo salivar, é, segundo Montenegro, efeito colateral do consumo contínuo de remédios receitados pelos demais médicos para controle de hipertensão e diabetes, doenças crônicas comuns na terceira idade. Como consequência dessa redução, ocorre maior incidência de cáries e lesões na mucosa da boca, que sustentam as próteses, levando o paciente a sentir dor.
 
Por causa da dor, o paciente a para de usar a prótese e, portanto, deixar de consumir todos os alimentos importantes para uma dieta saudável. Com isso, ele fica mais suscetível às doenças. Também pode acontecer aumento no consumo de certos nutrientes, pois a saliva é importante na limpeza das papilas gustativas, que são responsáveis pelo reconhecimento do sabor dos diferentes alimentos. Pouca saliva significa pouca limpeza nessas papilas e o resultado é que a percepção de sabores como doce ou salgado fica prejudicada e a pessoa idosa passa a temperar mais a comida, podendo exagerar no açúcar ou no sal e tendo problemas no controle de diabetes ou hipertensão.
 
Bem-estar psicológico
 
O odontólogo também defende, a partir de agora, uma abordagem preventiva por parte dos dentistas. “Nossa profissão só descobriu como prevenir cáries e problemas de gengiva nos ano 1950. As pessoas que hoje são idosas não tiveram contato com essas descobertas e chegavam aos 30 anos de idade já com os dentes irremediavelmente danificados ou com dentaduras”, explica Montenegro.
 
O grande problema das próteses é que nem sempre os pacientes cuidam dela. Próteses muito antigas não permitem mastigação eficiente. A mastigação ineficaz impede boa absorção dos nutrientes da dieta, função muito importante para fortalecer a saúde dos idosos. “Os médicos pedem para o idoso manter uma dieta balanceada, consumir muitas fibras, mas se os dentes, ou a prótese, não estão bem, a pessoa não consegue seguir essas orientações”, diz.
 
Além da importância fisiológica, uma boa dentição é importante para o idoso porque garante boa aparência e melhora a fonética. Dentes quebrados influem na passagem do ar, resultando em alterações na fonética e impedindo boa compreensão do que a pessoa quer dizer. Com boa aparência, e fala melhorada, o paciente recupera a auto-estima, se socializa mais, e pode até tentar se reinserir no mercado de trabalho. Essas atividades são importantes para o idoso, que está mais sujeito à depressão, por exemplo.
 
Não apenas a carência nutricional contribui para as doenças. “A saliva tem propriedade antibióticas, capaz de controlar as bactérias que habitam a boca. Essas bactérias podem alimentar os problemas de pulmão do paciente, então a boca e a língua devem estar sempre limpas. Mas nem sempre os profissionais que cuidam do idoso sabem disso. É por isso que temos que compartilhar a informação”, defende Fernando.
 
O livro, publicado pela Editora Elsiever será lançado em março deste ano.
 
Mais informações podem ser obtidas por meio do telefone  (21) 3256-2606.
 
Fonte: USP on-line e Assessoria de Imprensa da Elsiever

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