Pesquisa confirma que os homens cuidam menos da saúde bucal que as mulheres, diminuindo suas chances de prevenir ou tratar precocemente diferentes doenças bucais, inclusive câncer de boca.
A agência norte-americana Centers for Disease Control and Prevention (CDC), focada em saúde pública, realizou pesquisa durante o ano de 2011 – e já publicada no Journal of Periodontology – que confirma que os homens são menos proativos na manutenção da saúde de dentes e gengivas. A pesquisa, que incluiu exames bucais e foi feita com 800 participantes, indicou que as mulheres possuíam menor incidência de placa dental, cálculo e sangramento durante sondagem, fatores que podem ser usados como marcadores da doença periodontal.
Assim como já se sabe, por experiência, que as mulheres costumam dar mais atenção à saúde em geral e a uma alimentação mais saudável, o estudo também sugeriu que elas têm uma melhor compreensão do que envolve a saúde bucal, assim como uma atitude mais positiva em relação a visitas ao cirurgião-dentista, resultando em melhores condições bucais.
A pesquisa ainda fez uma comparação entre mulheres e homens em relação à consulta realizada no ano anterior. O resultado apontou para quase o dobro de mulheres que não deixaram de fazer o check-up odontológico neste período. Além disso, também foi levantado que as mulheres são três vezes mais propensas a usar o fio dental diariamente. Este resultado ainda indica que os homens costumam procurar o profissional quando o problema, seja cárie, doença periodontal ou câncer bucal, já está em estágio mais avançado, com sintomas mais graves.
Assim, é necessário conscientizar os pacientes masculinos sobre a importância da prevenção, além de que é possível ter doença periodontal, por exemplo, e não apresentar sinais de alerta. “Essa é uma das razões por que os check-ups regulares e exames periodontais são tão importantes, além da higiene bucal qualificada. Os homens não podem negligenciar a sua saúde bucal e nem a visita ao consultório odontológico, independente do sintoma e sempre nos prazos estabelecidos pelo profissional, para evitar problemas mais sérios”, alerta o periodontista e consultor científico da ABO Rodrigo Bueno de Moraes
Fatores agravantes
Tradicionalmente os homens já são conhecidos por darem menos atenção à importância das consultas odontológicas e médicas constantes e de outros cuidados preventivos, mas, além disso, este grupo ainda é mais tendencioso a ter vícios e hábitos ruins. De acordo com dados do levantamento Vigilância para Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizado pelo Ministério da Saúde em 2011, a prevalência de fumantes é de 18,1% entre a população masculina, enquanto que entre a feminina é de 12%. Apesar de o tabagismo ter diminuído entre os homens, eles ainda fumam mais.
Outro problema é o consumo de álcool. Segundo o I Levantamento Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira, realizado pela Secretaria Nacional Antidrogas em 2007, mulheres apresentam maior prevalência de abstinência (59%) e os homens bebem mais frequentemente – 39% deles bebem pelo menos uma vez por semana, dos quais 11% bebem diariamente.
A quantidade de bebida por ocasião de consumo também difere conforme o sexo. Enquanto a maioria das mulheres (68%) havia bebido até duas doses de álcool na última ocasião, 38% dos homens haviam bebido cinco ou mais doses, dos quais 11% beberam 12 ou mais doses. O Vigitel 2011 ainda indicou que 26% dos homens adultos consomem álcool de forma abusiva, enquanto que esse número entre as mulheres é de 9%.
Câncer bucal
“O cigarro, as drogas e bebidas alcoólicas favorecerem o crescimento do risco de lesões de boca cancerígenas, além de também serem importantes fatores de risco para as doenças periodontais. É preciso chamar a atenção dos homens para um cuidado maior com a saúde bucal e deixar os vícios de lado. E o CD pode contribuir muito com isso ao orientar seus pacientes de forma adequada”, diz o periodontista Rodrigo Bueno de Moraes, destacando o papel do CD para mudar este quadro.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) confirmam que esta é uma doença que acomete mais o grupo masculino. A estimativa de novos casos de câncer bucal para 2012 é 14.170, sendo 9.990 homens e 4.180 mulheres. Além disso, em 2009 foram 6.510 mortes em decorrência deste tipo de tumor, sendo 5.136 homens e 1.394 mulheres.
O diagnóstico precoce é muito importante, e o cirurgião-dentista tem papel fundamental nisso, pois pode detectar as primeiras possíveis lesões do tumor – feridas que não cicatrizam em uma semana, ulcerações indolores que podem sangrar e manchas esbranquiçadas ou avermelhadas nos lábios ou na mucosa bucal.
Mulheres x homens
As mulheres são 26% mais propensas do que homens a usar fio dental diariamente.
74% das mulheres ficariam envergonhadas por um dente faltando, em comparação com 57% dos homens.
As mulheres são quase duas vezes mais propensas a notar falta de dentes de outra pessoa do que os homens.
44% das mulheres estão conscientes de que os periodontistas podem ajudar a contribuir para uma boa saúde, em comparação com 33% dos homens.
Homens são mais propensos a desenvolver câncer bucal e outras complicações dessa cavidade por serem mais negligentes que as mulheres nos cuidados bucais. Além disso, eles abusam mais dos hábitos nocivos – como fumar e beber em excesso – o que repercute na boca e saúde geral.
Fonte: Academia Americana de Periodontia