O uso do fator de crescimento para reconstrução óssea em implantodontia odontológica

O uso do fator de crescimento para reconstrução óssea em implantodontia odontológica

No início dos anos 1990 se assistiu uma revolução no tratamento odontológico com a chegada dos implantes dentários para reconstruções de espaços deixados em decorrência de perdas dentárias. No primeiro momento o preenchimento das falhas dentárias por materiais que  proporcionasse conforto da mastigação e que livrasse do incômodo das pontes móveis e das dentaduras traziam grande satisfação e foram vistos como sucesso. Entretanto, neste primeiro momento, se procurava apenas preencher os espaços vazios.
 
Num segundo momento, alguns anos depois, não bastava preencher os espaços vazios, era necessário também conseguir uma estética razoável para que os tratamentos lograssem êxito. Inúmeras técnicas foram desenvolvidas e apresentadas ao mercado e, de imediato, usadas.
 
Percebeu-se algum tempo depois que mudanças eram necessárias, pois os trabalhos originalmente instalados em pouco prazo sofriam alterações que frustravam os pacientes em longo prazo. 
 
Surgiu assim um terceiro momento na implantodontia, quando o sucesso no implante passava a ser marcado por proporcionar estética, conforto, estabilidade e longevidade. O que se queria é que, uma vez feito, não fosse mais necessário mudar nada. E nesse estágio reside a maior parte dos profissionais na atualidade. Esses procedimentos até então eram um sucesso para pacientes acima de 80 anos. Mas, como a implantodontia tem sido cada vez mais usada em todas as idades, inclusive jovens, as exigências de duração em longo prazo se tornaram bem maiores. 
 
Há pouco tempo uma nova filosofia de tratamento vem chamando a atenção de profissionais e clientes. Constantemente tem se verificado o aparecimento de cintas metálicas dos pilares ou dos implantes resultantes da resseção gengival. Quando isso se dá em dentes posteriores normalmente é ignorado, entretanto é bastante comum se dar nos dentes do sorriso e aí passa a ser preocupante. O que sabemos, hoje, é que para podermos substituir dentes por trabalhos que nos garantam estética, conforto e longevidade é necessário considerarmos as condições apresentadas de estrutura óssea, e gengiva. Frequentemente ignoradas a gengiva é um elemento precioso nas reabilitações, pois somente quando elas se apresentam em boas condições de saúde e quantidade é que nos possibilitam a sonhada tranquilidade. 
 
Portanto o momento atual e o futuro da implantodontia se passa pela reconstrução de tecidos ósseos e gengivais antes ou durante a instalação dos implantes. Essas técnicas são chamadas enxertos. Bastante temidos mas cada vez mais necessários. A boa nova é que inúmeros profissionais por toda parte do mundo estão numa busca acelerada por técnicas que minimizem os incômodos para os clientes. Uma necessidade justificada pois hoje aproximadamente 80% dos implantes colocados necessitam desses artifícios. E técnicas modernas já possibilitam esses processos sem maiores sofrimentos.
 
 Dentre essas inúmeras pesquisas, surgiu o L-PRF, sigla de plasma rico de fibrina e leucócitos. Esses produtos são resultantes de manipulação de sangue retirado no momento de uma cirurgia onde são misturados com ossos sintéticos e usados com fins de reconstrução óssea. Desenvolvida por um médico francês há aproximadamente 6 anos ela tem sido utilizada com bastante entusiasmo. Os resultados das reconstruções têm sido considerados revolucionários. O que prometia ser uma  promessa, hoje se tornou a melhor aliada para  a implantodontia mundial.
 
Na verdade, células denominadas fator de crescimento presente no sangue irão ditar a reconstrução de estruturas perdidas que até então seriam feitas por meio da remoção de osso de outras partes do corpo. Essas técnicas realmente apresentam maiores incômodos. Cirurgias onde se removem ossos de outras partes do corpo são dispendiosas e normalmente realizada em ambientes hospitalares. Enxertos com osso de dentro da boca apresenta um incomodo em menor grau, mas são restritos a pequenas correções e também gera desconfortos consideráveis.
 
Alguns autores chegam a denominar as células de fator de crescimento presente no sangue como células tronco”. Em definição células tronco são células capazes de se transformar em outros órgãos. Como essas células sanguíneas podem se transformar em osso ou gengiva é comum a analogia. Distante dessas discussões o que é importante ressaltar é que as técnicas de regeneração tecidual através do L-PRF estão chegando e isso vai mudar para sempre a história da implantodontia. Os resultados são surpreendentes e fascinantes. Afinal qualquer pessoa que possa necessitar de reabilitação óssea, terá seu tratamento realizado a partir do seu próprio sangue, e o sucesso é muito mais previsível pois  praticamente elimina as possíveis falhas de rejeição.
 
Na verdade, toda estrutura óssea é formada por proteínas presentes no sangue. Quando se usa esse processo se acelera a formação dessa estrutura. A técnica de uso de fator de crescimento abre um imenso leque de possibilidades nas reconstruções ósseas com fins de instalação de implantes, pois de uma maneira mais eficaz e menos dolorosa permite reconstruir áreas perdidas sem precisar de técnicas de enxerto mais complexas presentes hoje no mercado.
 
As cirurgias são mais simplificadas e mais eficazes, viabilizando realizar reconstruções em situações até então vistas como impensadas ou impossíveis de serem feitas.Tudo indica que o emprego dessas células de fator de crescimento irão proporcionar qualquer tipo de reconstrução hoje existentes. E, apesar dessa perspectiva, as previsões de custos são menores que as hoje apresentadas pelo mercado.
 
(Eudécio Melo, odontólogo, especialista em prótese dentária e implantodontia pela Universidade de São Paulo (USP-Bauru).
 
 
Fonte: Diária da Manhã – www.dm.com.br

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