Efeitos da quimioterapia e radioterapia na saúde bucal

Efeitos da quimioterapia e radioterapia na saúde bucal

O tratamento oncológico, ao mesmo tempo em que trata o câncer, pode afetar a saúde do paciente em outros aspectos: a quimioterapia ou radioterapia podem causar alguns prejuízos à saúde bucal, caso não haja alguns cuidados.
 
“Primeiramente, é fundamental que o paciente mantenha uma higiene bucal adequada, pois por incrível que possa parecer, ainda recebemos pacientes que foram orientados a não escovar os dentes em alguns momentos do tratamento oncológico. Na verdade, é o contrário”, salienta a cirurgiã-dentista Letícia Mello Bezinelli, profissional do Programa de Oncologia, Hematologia e Transplante de Medula Óssea do Hospital Israelita Albert Einstein. As escovações devem ser realizadas 3 vezes por dia.
 
Cirurgiã-dentista no mesmo programa, Fernanda de Paula Eduardo recomenda o uso de uma escova dental com cabeça pequena, cerdas macias e uniformes. “O creme dental pode ser o de preferência do paciente, desde que não seja muito abrasivo. E, após a escovação, pode-se usar um enxaguatório bucal sem álcool”, diz.
 
“Também é importante a hidratação labial com manteiga de cacau ou vitamina E, durante todo o dia. Em casos de boca seca (xerostomia), pode-se utilizar também um gel ou spray para lubrificar a mucosa oral”, sugere Fernanda.
 
Além disso, é preciso que o paciente consulte-se com um cirurgião-dentista antes mesmo do tratamento oncológico. “Se a higiene bucal for inadequada, podem existir focos de infecção nos dentes (como em uma cárie extensa) ou na gengiva (gengivite ou doença periodontal). Com isso, há risco de uma infecção bucal que pode ser disseminada pela corrente sanguínea e comprometer outros órgãos durante os períodos de baixa imunidade, que ocorrem durante a quimioterapia”, ressalta Fernanda.
 
Para prevenir quaisquer complicações bucais, é necessário que o médico oncologista e o cirurgião-dentista especializado integrem seus tratamentos. “Existem efeitos colaterais do tratamento oncológico que podem ser prevenidos ou minimizados pelo dentista e é importante a sintonia entre esses profissionais. Assim, é possível oferecer um tratamento completo e há grande ganho na qualidade de vida do paciente”, complementa Letícia.
 
As cirurgiãs-dentistas do Albert Einstein listam a seguir as complicações bucais que podem surgir no tratamento oncológico.
 
Mucosite oral
 
É uma das complicações bucais mais comuns do tratamento oncológico. A mucosite oral surge com uma vermelhidão (eritema) e em seguida evolui para úlceras (que se parecem com aftas, porém, são maiores), podendo haver sangramento e edema.
 
Leva a um desconforto severo, ocasionando uma queda da qualidade de vida devido à dor e distúrbios funcionais, que surgem com o comprometimento da mastigação, deglutição e fonação, distúrbios do sono e má higienização. Há, ainda, o aumento do risco de infecções locais e sistêmicas.
 
Boca seca (xerostomia)
 
A sensação de boca seca surge ao mesmo tempo em que o paciente sente que a saliva fica mais espessa. Muitas vezes, o quimioterápico é dosado na saliva, portanto, há uma toxicidade direta na mucosa oral. Desse modo, pode haver tanto redução no fluxo salivar quanto alteração nos componentes da saliva.
 
Infecções oportunistas por fungos, bactérias ou vírus
 
Em consequência da intensa imunodepressão obtida através de quimioterapia ou radioterapia, o paciente tem mais chances de desenvolver infecções na boca, como a candidíase (conhecida como “sapinho”) e herpes (vírus que pode causar vesículas e úlceras nos lábios ou dentro da boca).
 
Aumento do índice de cáries
 
Com a possibilidade de xerostomia (diminuição de saliva) e de dificuldade de higienização oral, podem surgir as cáries. Se não forem tratadas a tempo, evoluem rapidamente e levam à perda dos dentes.
 
Alteração do paladar
 
É comum o paciente sentir gosto “metálico” ou mesmo não sentir o sabor salgado ou doce. Varia de pessoa para pessoa, mas geralmente isso se normaliza após o término do tratamento.
 
Sangramento ou petéquias
 
O paciente pode apresentar queda no número de plaquetas e, assim, as chances de sangramento aumentam. É preciso ter cuidado com traumas em cavidade bucal. Muitas vezes, aparecem manchas vermelhas, causadas por pequena hemorragia de vasos sanguíneos, chamadas de petéquias – decorrentes das plaquetas baixas.
 
Dano ao cérebro ou ao sistema nervoso (neurotoxicidade)
 
Às vezes, o paciente relata dor aguda na boca ou dentes, localizada ou generalizada, e não há sinais clínicos de cárie, doenças periodontais (de gengiva) ou outras infecções bucais; são sintomas da neurotoxicidade, decorrente das medicações contra o câncer.
 
Dor na articulação da boca (trismo)
 
Durante o tratamento por meio de radioterapia, o paciente pode apresentar dificuldade e dor ao tentar abrir a boca.
 
Necrose do osso (osteorradionecrose)
 
Decorrente da radioterapia de cabeça e pescoço, a osteorradionecrose – necrose do osso – é uma séria complicação. Ela surge com a exposição do tecido ósseo dos ossos maxilares à terapia com bifosfonatos em pacientes sob tratamento por mais de 8 semanas. Como é de difícil cuidado, deve ser prevenida.
 
 
Fonte: www.aquitemsorriso.com.br

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