Fique por Dentro: Cimentos Resinosos “sem amina” ou “amine-free”

Vol. 6 – Número 23 – 2017 Fique por Dentro Página 7-8 Cimentos Resinosos “sem amina” ou  “amine-free” Dayane Carvalho Ramos Salles de Oliveira1 Mateus Garcia Rocha1 Após algum tempo, é comum a reclamação quanto a estética de facetas cerâmicas em virtude do escurecimento do cimento resinoso utilizado para cimentação da peça cerâmica. As cerâmicas são materiais inertes que não alteram de cor ao longo do tempo. Por outro lado, os cimentos resinosos são materiais resinosos, ou seja, que contém uma matriz resinosa capaz de polimerizar, passando do estado físico líquido viscoso para sólido rígido. Essa mudança de estado físico após a polimerização possibilita o assentamento da peça e sua cimentação.  Entretanto, para que ocorra a polimerização desses materiais resinosos, um sistema de fotoiniciação é necessário. O sistema de fotoiniciação é um componente químico responsável por iniciar a reação de polimerização por meio da geração de radicais livres. Os radicais livres, por sua vez, são responsáveis por viabilizar a reação dos monômeros resinosos para formação do polímero. Ou seja, passando do estado físico líquido viscoso (monômeros) para sólido rígido (polímero). O sistema de fotoiniciação convencionalmente utilizado desde a década de 70 é o sistema à base de canforquinona combinado a uma amina terciária.  As aminas terciárias são agentes redutores altamente reativos, responsáveis pela geração de radicais livres quando em combinação com fotoiniciadores como a canforquinona. Entretanto, para garantir que a reação química entre essas moléculas ocorra, a amina terciária é geralmente adicionada em maiores quantidades em comparação a concentração da canforquinona.  Entretanto, se a amina terciária é adicionada em excesso, ela sobra na reação pois nem toda molécula é consumida na reação. A reação da amina terciária restante da reação com outras moléculas e/ou substâncias no interior do material resinoso polimerizado, é responsável pelo amarelamento do cimento resinoso ao longo do tempo. E, consequentemente, a alteração de cor ou escurecimento da restauração cerâmica como um todo. Por essa razão, atualmente, as empresas têm substituído parcialmente ou totalmente o sistema de fotoiniciação à base de canforquinona por outros sistemas de fotoiniciação que não necessitam de amina terciária para sua reação. Esses novos sistemas de fotoiniciação são fotoativados pelo comprimento de onda violeta, e não azul, como a canforquinona. Por esse motivo, as empresas têm lançado no mercado fotoativadores de amplo espectro que emitem não apenas o comprimento de onda azul, mas também o comprimento de onda violeta. Sendo assim, capazes de polimerizar todos os materiais resinosos do mercado, tanto os convencionais à base de canforquinona, quanto os novos contendo esses novos sistemas de fotoiniciação.  Contudo, o problema desses novos sistemas de fotoiniciação é exatamente o fato dos mesmos serem fotoativados pelo comprimento de onda violeta. O comprimento de onda violeta tem menor poder de penetração em profundidade do que o comprimento de onda azul. Dessa forma, dependendo da espessura da restauração cerâmica, o cimento resinoso contendo esses sistemas de fotoiniciação alternativos, a conversão adequada do material poderia ser prejudicada. Principalmente, em materiais que contenham apenas esses sistemas de fotoiniciação alternativos, também denominados “sem amina” ou “amine-free”, por não conterem o sistema à base de canforquinona e, consequentemente, também não conterem amina terciária. Dessa forma, materiais “sem amina” ou “amine-free”, podem garantir a longevidade estética de facetas cerâmicas. Por outro lado, limitações clinicas devem ser consideradas em relação a espessura da restauração cerâmica a ser cimentada afim de evitar a polimerização não adequada do cimento resinoso “sem amina” ou “amine-free”, que pode interferir na longevidade clínica da restauração.  1 Departamento de Odontologia Restauradora – FOP/UNICAMP.