Fique por Dentro: Cerâmicas policristalinas de zircônia de alta translucidez contendo fase cúbica

Fique por Dentro: Cerâmicas policristalinas de zircônia de alta translucidez contendo fase cúbica

Vol. 9 – Número 33 – 2017 Fique por Dentro Página 8-9 Cerâmicas policristalinas de zircônia de alta translucidez contendo fase cúbica Mateus Garcia Rocha1 Dayane Carvalho Ramos Salles de Oliveira1 As cerâmicas policristalinas de zircônia tetragonal, estabilizadas por ítria (Y-ZTP), têm sido utilizadas como material restaurador odontológico com sucesso por mais de uma década. Ainda que essa seja considerada a cerâmica mais resistente e tenaz utilizada em odontologia, a sua estética e, particularmente, sua translucidez, tem sido um dos maiores desafios na utilização desse material. A alta opacidade da Y–ZTP torna-se um problema, principalmente, ao se substituir uma coroa ou uma prótese parcial fixa anterior na presença de um dente natural adjacente, pois nesse caso, a reflectância e a dispersão da luz nem sempre são semelhantes ao dente natural. A cobertura com cerâmica feldspática é utilizada para mascarar o núcleo de zircônia opaco e aproximar as propriedades ópticas da dentição natural adjacente. Entretanto, essa cerâmica de cobertura está sujeita à falha, principalmente, pelo lascamento ou delaminação. A proposta de muitos dentistas, pesquidadores e até das indústrias é a utilização de restaurações de zircônia monolítica (ou seja, restauração completamente feita de zircônia sem a necessidade da camada de cobertura de cerâmica feldspática), mas a questão é: já existem avanços suficientes nas propriedades ópticas das cerâmicas de zircônia a ponto de haver cerâmicas com a translucidez adequada para serem utilizadas adjacentes a dentes anteriores naturais, ou até mesmo em restaurações monolíticas? Os estudos têm demonstrado que os avanços nas últimas décadas, no que se diz respeito à translucidez das cerâmicas Y-ZTP, têm relação com o aumento da densidade da zircônia, remoção de aditivos de alumina no processo de sinterização e até mesmo na redução do tamanho dos grãos de zircônia1. Entretanto avaliando criticamente os avanços desses materiais, eles têm se revelado significantes apenas em materiais com espessura muito fina, aproximadamente 0,5 mm de espessura. O grande desafio está na propriedade de birrefringência dos cristais de zircônia na fase tetragonal, o que causa o espalhamento da luz, quando essa passa entre um grão e outro de zircônia e assim diminui a transmissão de luz pelo material. Entretanto uma recente estratégia para o aumento da translucidez das restaurações de zircônia é a adição de zircônia na fase cúbica na composição do material, através do aumento da quantidade de ítria em mais de 8% em peso na composição do material2. Vários tipos de zircônia de alta translucidez ou zircônia contendo fase cúbica têm aparecido no mercado, sendo fabricadas com aproximadamente 8 a 10 % de fase cúbica, e exemplos incluem cubeX2 (Dental Direkt GmbH, Alemanha), Lava™ Esthetic (3M ESPE, EUA), Katana™ Zirconia (Kuraray Noritake, Japão), BruxZir® Anterior (Glidewell Laboratories, EUA) e ArgenZ™ Anterior (Argen Corp., EUA). Apesar das composições serem mantidas em segredo pelos fabricantes, a quantidade exata de fase cúbica na composição desses materiais varia entre 10 e 15%. Diferentemente da Y-ZTP, a zircônia na fase cúbica apresenta grãos com arranjo cristalino de comportamento isotrópico, o que significa que quando a luz passa de um grão para o outro, não há o espalhamento de luz, e consequentemente, aumenta a passagem de luz pela restauração e a translucidez das restaurações de zircônia. Um fato importante a se salientar, é que a zircônia cúbica policristalina odontológica é completamente diferente da zircônia cúbica usada como substituto do diamante na confecção de joias, que é formado de um único cristal de zircônia. Uma característica importante da zircônia cúbica, é que diferentemente da Y-ZTP, essa não se transforma de fase à temperatura ambiente. Conhecida como tenacificação por transformação, as cerâmicas Y-ZTP transformam seus cristais de tetragonal para monoclínico (que são aproximadamente de 3 a 5% maiores), quando esses são submetidos a algum tipo de tensão, e o crescimento dos grãos durante a transformação de fase leva à compressão de trincas, criando uma resistência para a propagação das mesmas pelo material3. Entretanto como a zircônia cúbica não possui a propriedade de tenacificação por transformação como a Y-ZTP, isso faz com que essas cerâmicas apresentem propriedades mecânicas inferiores, quando comparadas às Y-ZTPs. Geralmente, a maioria das zircônias cúbicas no mercado apresentam propriedades mecânicas de 40 a 60% menores do que as cerâmicas Y-ZTP e a maior parte dos fabricantes reportam que as zircônias cúbicas apresentam entre 600 a 750 Mpa de resistência à flexão, concluindo-se que essas apresentam translucidez e resistência para serem utilizadas em restaurações de coroa total em regiões anteriores e posteriores. de zircônia, contendo fase cúbica, apresentam ótimo resultado para restaurações estéticas. Referências 1. Zhang, Y. Making yttria-stabilized tetragonal zirconia translucent, dent. mater. 2014; 30(10):1195-203. 2. Mclaren EA, Lawson N, Choi J., Kang J., Trujillo C. New high-translucent cubic-phase-containing zirconia: clinical and laboratory considerations and the effect of air abrasion on strength, compendium of continuing education in dentistry. 2017; 38(6): 13-16. 3. Chevalier J. What future for zirconia as a biomaterial? Biomaterials. 2006; 27(4):535-43. 1 Departamento de Odontologia Restauradora, Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas

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