O que o bruxismo tem a ver com seu estado mental – e por que muita gente não sabe que tem?

O que o bruxismo tem a ver com seu estado mental – e por que muita gente não sabe que tem?

Cerca de 30% da população mundial tem esse problema, segundo a OMS; no Brasil, dados oficiais mostram que mal atingiria 40% das pessoas.
 
É difícil saber o que acontece com nosso corpo enquanto estamos dormindo. Por isso, muitas pessoas não sabem que sofrem de bruxismo noturno.
 
Trata-se de um hábito involuntário que faz com que os pacientes pressionem fortemente a mandíbula – alguns também rangem os dentes sem nenhum objetivo funcional.
 
“Vi um homem que conseguiu provocar uma espécie de erosão nos dentes, até à gengiva”, disse Nigel Carter, da Fundação Britânica de Saúde Oral, à BBC.
 
Esse é um caso extremo, mas o bruxismo mais brando é mais comum do que se imagina e afeta tanto crianças quanto adultos. Na população mundial, cerca de 30% das pessoas têm essa condição, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, dados oficiais apontam que o problema atinge 40% da população.
 
As causas mais comuns são estresse, ansiedade e tensão. Ainda que o bruxismo não seja um transtorno perigoso, pode causar lesões dentárias permanentes se não for tratado.
 
“Ranger os dentes é cerca de 40 vezes mais potente do que mastigar”, observou o dentista britânico.
 
Nem sempre existem sintomas
A maioria das pessoas que contrai a mandíbula e que range os dentes não sabe que tem esse hábito involuntário. “Quem normalmente descobre mais facilmente são as pessoas que acordam seus maridos ou esposas com o barullho”, explica Carter.
 
Com frequência, a pressão sobre a mandíbula e os dentes acontece quando as pessoas estão dormindo, concentradas em fazer algo ou estressadas, segundo informações do serviço de saúde pública britânico, o NHS.
 
O curioso é que o bruxismo nem sempre gera sintomas, ainda que alguma pessoas sintam dores faciais, dores de ouvido ou de cabeça quando acordam.
 
Outras pessoas percebem, com o tempo, a erosão dos dentes – mas, em geral, costumam descobrir isso apenas quando visitam o dentista. Na maioria dos casos, os pacientes com bruxismo acabam tendo regiões planas e cantos desgastados em seus dentes.
 
O bruxismo também pode ser causado por transtornos do sono, como apneia e roncos, e contribuir para a interrupção do sono.
 
Saúde mental
Ainda que a causa específica do bruxismo não esteja clara, especialistas normalmente vinculam o problema a estresse, ansiedade e problemas do sono – fatores que, no mínimo, agravam o problema.
 
Em alguns países, acredita-se que os casos de bruxismo estejam aumentando – talvez relacionados a um contexto de estilo de vida cada vez mais atribulado.
 
No caso dos adolescentes, um estudo recente realizado no Brasil sugere que o bruxismo pode se manifestar quando crianças sofrem perseguição dos colegas escolar.
 
Segundo os resultados da pesquisa, publicada na revista especializada Oral Rehabilitacion, as crianças de 13 a 15 anos vítimas de abuso verbal na escola têm probabilidade de sofrer bruxismo noturno quatro vezes maior do que outros adolescentes.
 
O problema apareceu em 65% dos estudantes pesquisados que sofriam bullying – enquanto só 17% dos outros estudantes apresentaram a condição.
 
Segundo a Fundação Britânica de Saúde Oral, tanto os pais quanto as escolas deveriam ser mais conscientes a respeito do problema, que também afeta adultos estressados e ansiosos.
 
Conselhos para prevenir
Os tratamentos servem para reduzir a dor (se ela existir), prevenir o dano dental permanente e diminuir a fricção dental.
 
Para proteger os dentes de maneira permanente, recomenda-se o uso de protetores bucais ou aparelhos feitos sob medida.
 
Mas muitos especialistas também sugerem mudanças no estilo de vida para lidar melhor com o estresse diário – e aliviá-lo.
 
“Se seu bruxismo estiver relacionado ao estresse, é importante que você tente relaxar mais e dormir bem”, recomenda o NHS. Para isso, a sugestão é a prática de ioga, usar técnicas de relaxamento para respiração, recorrer a massagens e escutar música antes de dormir, por exemplo.
 
Se não funcionar, há alguns tratamentos psicológicos que podem ajudar, como as terapias congnitivas ou comportamentais, que trabalham a ligação entre o pensamento e o comportamento.
 
Existem algumas técnicas que tentam reverter hábitos, mas o NHS afirma que não há evidência científica de maneiras para evitar o bruxismo.
 
Em todo caso, controlar o bruxismo durante o dia é muito mais fácil do que fazê-lo durante o sono – por razões óbvias. Além disso, também de acordo com o NHS, reduzir o consumo de álcool e parar de fumar pode ajudar a prevenir o bruxismo. O consumo de drogas recreativas, como êxtase ou a cocaína, também pode piorar o problema.
 
Em algumas ocasiões, o bruxismo pode ser um efeito colateral de algumas medicações antidepressivas, mas qualquer mudança de medicação deve ser consultada com um médico.
 
 
Fonte: G1

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