Laser alivia síndrome da ardência bucal

Laser alivia síndrome da ardência bucal

A síndrome da ardência bucal, caracterizada por sensação de queimação na mucosa oral acompanhada de ausência de sinais clínicos e alterações laboratoriais detectáveis, é uma doença de causas desconhecidas e, por isso, não possui tratamento. No entanto, de acordo com a pesquisa realizada por Vivian Pellegrini, orientada pelo professor Norberto Sugaya, da Faculdade de Odontologia da USP, a terapia com laser em baixa potência em pacientes que apresentam a síndrome alivia a ardência.
 
O principal benefício da irradiação laser é a regeneração das fibras nervosas. Ele também possui propriedades anti-inflamatórias e não desencadeia efeitos colaterais. Para realizar a pesquisa, foram montados aleatoriamente dois grupos experimentais. Um deles recebeu quatro irradiações de laser de baixa intensidade, intitulado de grupo laser; e o outro recebeu falsa irradiação, chamado de grupo placebo.
 
Todos os pacientes submetidos ao tratamento apresentaram melhora significativa da sensação de queimação da boca. É interessante ressaltar que a houve melhora também nos pacientes do grupo placebo, o que evidencia o poder do fator psicológico no alívio da ardência.
 
As irradiações foram realizadas na forma de varredura nas áreas acometidas pela ardência. A técnica de aplicação é simples e bem tolerada pelos pacientes, mas exige muitos deslocamentos do mesmo à clínica. Outra exigência é um ambiente adequado à aplicação dos requisitos de biossegurança relativos à irradiação laser.
 
 
Mulheres sofrem mais
 
Apesar de ser uma doença de incidência mundial, ela ainda é pouco conhecida. A síndrome afeta sete vezes mais mulheres do que homens, geralmente acima dos 50 anos. A incidência de sua aparição é de 0,7% a 4,6% da população geral e de 2% a 20% da população feminina após a menopausa, variação que reflete a dificuldade de se estabelecer critérios para seu diagnóstico.
 
Trata-se de uma condição crônica que não impede o paciente de trabalhar e não perturba o sono. “É importante ressaltar que não é uma dor, é uma ardência. Ela começa logo após o despertar e perdura o dia inteiro”, alerta Sugaya. Por não apresentar alteração física na boca, a síndrome já foi considerada um distúrbio emocional e os pacientes eram encaminhados para psicólogos ou psiquiatras.
 
O diagnóstico é feito por exclusão. Várias condições sistêmicas podem causar ardência, como diabete descontrolada, hipertensão, falta de saliva, desnutrição, falta de ferro e vitamina D, mas nenhuma delas se enquadra na síndrome. “O diagnóstico é realizado por etapas. O paciente apresenta ardência crônica, não tem alteração local evidente, não tem medicamentos envolvidos e, por fim, não apresentar nenhuma das condições sistêmicas propensas à ardência”, explica o professor. Todos esses exames demandam gasto de tempo e dinheiro com exames laboratoriais.
 
As linhas de investigação recentes apontam para uma condição neuropática, devido ao fato de alguns portadores da síndrome apresentarem também distúrbio na expressão de reflexo e na percepção sensorial. Além disso, o uso de antidepressivos traz benefícios sintomáticos.
 
 
Fonte: Faculdade de Odontologia – USP

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