Cresce o número de adultos em busca do alinhamento perfeito dos dentes

Cresce o número de adultos em busca do alinhamento perfeito dos dentes

Procura por alinhamento perfeito, seja por estética ou para melhorar a funcionalidade mastigatória, tem crescido. No entanto, a resposta ao tratamento continua sendo melhor para crianças e adolescentes
 
Humberto Siqueira – Estado de Minas
 
Há muitos mitos na saúde. Um dos mais conhecidos, mas que vem sendo derrubado a cada caso de sucesso, é o de que tratamento ortodôntico não produz efeitos em adultos. O que ocorria até pouco tempo atrás é que a resposta era mais lenta, pois a estrutura óssea do paciente depois de 20 anos de idade já está formada. Mas novas técnicas e abordagens aceleraram os resultados para quadros mais complexos e movimentação dificultada dos dentes.
 
Para o coordenador do curso de pós-graduação em ortodontia autoligável e ancoragem esquelética do Instituto Bio Orto, o ortodontista Wanderson Itaborahy, certamente o tratamento em adulto não é contraindicado. “Mesmo naqueles com problema periodontal acentuado, em que os dentes perdem sustentação e ficam moles. Mas o tratamento associado é indicado para manter os dentes na boca. Claro que um paciente entre 10 e 15 anos, em fase de crescimento, tem respostas mais rápidas. Neles, conseguimos manipular o crescimento da mandíbula, expandi-la, puxá-la para frente. Há mais flexibilidade de tratamento. A partir dos 15 anos, fica um pouco mais complicado, mas absolutamente exequível. A manipulação dentária pode ser feita em qualquer idade. Tenho paciente com 89 anos”, exemplifica.
 
Segundo o especialista em ortodontia da Clínica Odontoclin Jonas Rodrigues Silva, o que muda no tratamento de uma criança ou adolescente para um adulto é a resposta clínica mais rápida, favorável e, invariavelmente, mais estável. “Os pacientes mais novos também estão normalmente mais dispostos a tratar. Há uma maior aceitação do organismo aos movimentos do tratamento. Isso depende diretamente dos problemas apresentados pelo paciente no início. Mas dizer que a resposta do adulto pode ser um pouco mais lenta é muito diferente de afirmar que não há tratamento nessa faixa etária. E nem sempre é mais lento também. Não existe uma regra fixa”, pondera Jonas.
 
Ainda de acordo com ele, habitualmente o paciente maduro procura o tratamento visando a um benefício estético e à melhoria funcional. “Pelo lado da aparência, os casos mais comuns são falta de nivelamento, dentes mal posicionados, que implicam desconforto. Na funcionalidade, os mais comuns são problemas na mordida, como distúrbio de oclusão, que leva ao desgaste dos dentes”, esclarece.
 
Itaborahy divide os paciente adultos entre aqueles até 60 anos e de 60 em diante por terem indicações diferentes. “Outro detalhe é dividir a preocupação desses adultos. Principalmente os da primeira faixa, focam-se na estética, e aqueles entrando na terceira idade têm preocupação com a longevidade da saúde periodontal e do sistema mastigatório. Esses procuram tratamento, muitas vezes, por indicação de seus dentistas clínicos, visando evitar que os dentes mal posicionados, ou apinhados no termo técnico, gerem outros problemas gengivais e periodontais. Até porque, quando estão bem posicionados a limpeza é mais fácil”, pontua. Um reflexo comum em adultos com má oclusão é a gengivite. “Problemas ligados à saúde dos dentes e suas estruturas adjacentes, como a gengiva, osso e ligamentos, podem ser pano de fundo de uma má oclusão, pois a mesma contribui para a retenção de alimentos, dificuldade de higiene, entre outros”, diz Jonas.
 
MAL POSICIONAMENTO 
Wanderson Itaborahy esclarece que os dentes foram feitos para funcionar como uma engrenagem perfeita. “O mal posicionamento gera força excessiva em alguns dentes e pouca força em outros. Isso leva à retração da gengiva, fratura por abfração (a região mais sensível do esmalte, quase em contato com a raiz, trinca e forma um degrau), reabsorção da parte superior do osso, da coroa do dente. Alguns artigos mostram que a má oclusão pode agravar a disfunção da articulação temporomandibular (ATM), principalmente em problemas mais graves de oclusão. Temos ainda vários tipos de mordida, como a cruzada, a aberta e a sobremordida”, acrescenta.
 
Alguns cuidados extras são tomados com adultos. Principalmente aqueles com problemas periodontais. É preciso fazer uma raspagem para limpar as raízes dos dentes. Depois da cicatrização, que se dá entre 60 e 90 dias, entra o tratamento ortodôntico. Nesse período, é importante manter essa limpeza diariamente em casa e periodicamente com o periodontista.
 
Para escolher a técnica ortodôntica mais propícia para cada paciente, Jonas Silva diz ser importante fazer um bom diagnóstico, que orientará a escolha dos melhores recursos. Itaborahy é particularmente adepto dos aparelhos autoligados. “É uma tecnologia muito avançada, que proporciona redução muito grande no tempo final do tratamento. Um adolescente consegue finalizar o processo todo entre 18 e 24 meses. Já os adultos, eu diria em algo como 24 a 30 meses, em média. Tenho muito pacientes adultos que fazem tratamentos parciais (apenas uma arcada), principalmente nos dentes incisivos inferiores. Por ser uma região com maior acometimento gengival, mais propício à formação de tártaro pela proximidade do ducto de saliva da glândula sublingual. Essas intervenções parciais são bem rápidas. Entre oito e 10 meses”, expõe.
 
Recidiva não é incomum
Alguns adultos que foram submetidos a um tratamento ortodôntico na adolescência precisam se submeter ao processo novamente. Não é incomum, já que os dentes tendem a mudar de posição e perder o equilíbrio com o tempo. “Pela minha experiência, o que leva a uma recidiva são basicamente dois fatores: um acabamento aquém do ideal e, o mais comum, o paciente não usar os aparelhos de contenção, que estabilizam os resultados obtidos, como sugerido pelo ortodontista. Mas é preciso lembrar que a oclusão é dinâmica. Muda ao longo da vida”, explica o ortodontista Jonas Silva.
 
Quem segue corretamente as instruções tende a colher os resultados e ver a expectativa atendida no fim do tratamento. Foi o caso de Silvia Fernanda de Almeida, professora aposentada de 57 anos, que hoje comemora o resultado de três anos e oito meses de tratamento com um novo sorriso. “Foi muito bom para mim. Cheguei aqui com a mandíbula superior se sobrepondo à inferior e outros problemas, como dentes girando para dentro e um espaçamento. Com o tempo, percebi uma melhora grande na mastigação. Como se o movimento ficasse mais natural. E o visual também é outro. Alguns conhecidos chegaram a perguntar se fiz plástica. E, claro, a autoestima também aumenta. Acho que todos os adultos que precisam devem buscar o tratamento. Até porque não é caro como alguns pensam”, avalia Silvia.
 
O ortodontista Wanderson Itaborahy diz que essa satisfação do paciente é a maior motivação da profissão. “O impacto na autoestima que uma correção benfeita causa, quando o profissional segue todos os preceitos estéticos, deixa o paciente muito impressionado. E isso envolve a arquitetura gengival adequada, correto alinhamento e posicionamento dos dentes superiores em relação ao lábio inferior, proporcionalidade de altura e largura dos dentes, entre outros. Ele sente que fez o melhor investimento da vida dele. Tenho várias histórias de pacientes que conseguiram melhoria na profissão ou em um relacionamento romântico idealizado. E isso é uma coisa que os brasileiros passaram a ficar atentos a partir do cinema, ao ver artistas com o sorriso bonito. Acredito que mais de 90% dos pacientes buscam o tratamento com essa perspectiva de uma melhoria na aparência”, comenta.
 
A psicóloga aposentada Marlene Souza Franca, de 68, confirma a tese. “Não sentia dores nem incômodo. Mas tinha um dente que estava projetado para a frente. E a sensação que tinha era de que esse desalinhamento estava aumentando. Procurei o tratamento e foi muito bom. No visual, ficou tudo perfeito. Os dentes corretos, lado a lado. Também facilitou a higiene, pois o fio dental antes brigava para entrar entre esse dente e os vizinhos e, por vezes, machucava a gengiva”, conta.
 
Fonte: www.uai.com.br
 

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