Conselho Regional de Odontologia lança medidas para prevenir violência em consultórios

Conselho Regional de Odontologia lança medidas para prevenir violência em consultórios

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
 
 
São Paulo – O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo anunciou no dia 7 um pacote de medidas para ajudar os cirurgiões-dentistas a reforçar a segurança nos consultórios de modo a evitar atitudes de risco que facilitem invasões, assaltos e agressões. O lançamento da cartilha Vamos Nos Proteger, com dicas para evitar riscos no cotidiano, é uma das medidas. A cartilha está disponível no site do conselho e, em breve, será enviada em versão impressa a todos os cirurgiões-dentistas do estado.
 
A partir do próximo dia 17, os dentistas terão um serviço telefônico gratuito para denunciar ameaças. Pelo número 0800 7005572, além de fazer a denúncia, os profissionais receberão informações sobre como registrar um boletim de ocorrência. No início do mês, o Conselho Regional de Odontologia já havia lançado o e-mail [email protected] para a comunicação de ocorrências.
 
De acordo com a entidade, desde o lançamento desse canal de comunicação, foram relatados 65 casos de violência, dos quais 65% na capital e região metropolitana, 35% no interior, 56% na periferia de São Paulo e 44% no nos bairros do centro, Jardins e da zona sul.
 
Segundo o conselho, as medidas foram tomadas depois de dois consultórios terem sido invadidos e os dentistas brutalmente assassinados enquanto trabalhavam.
 
O primeiro caso foi em abril, em São Bernardo do Campo, com a dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, de 47 anos, que teve o corpo queimado quando os criminosos descobriram que ela estava com apenas R$ 30 na contra bancária e não tinha dinheiro no consultório. Um mês depois, em São José dos Campos, Alexandre Peçanha Gaddy¸ de 41 anos, foi queimado quando os criminosos que invadiram seu local de trabalho constataram que ele não tinha dinheiro. Gaddy morreu nesta semana.
 
Ainda como forma de evitar esse tipo de situação, o Conselho Regional de Odontologia disponibilizará em seu site o download do aplicativo Agentto, que poderá ser instalado tanto no smarthphone quanto no computador de mesa nos consultórios. Com o aplicativo, o profissional ficará ligado a outras pessoas que também usem o programa e, ao sinal de qualquer ameaça, poderá mandar avisos sobre o que está acontecendo. Isso permitirá que alguém chame a polícia.
 
Segundo o presidente do conselho, Claudio Yukio Miyake, ainda é grande o número de dentistas que não comunicam as ocorrências à polícia, o que levou a entidade a lançar as medidas de auxílio. “Pela polícia, verificamos que o dentista tem receio e não se sente à vontade para denunciar. A partir da abertura dos canais de comunicação, motivamos os profissionais a relatar seus casos para que nada passe em branco e para que o boletim de ocorrência sempre seja feito, mesmo que tenha sido só uma tentativa de crime.”
 
Miyake lembrou que, assim que ocorreu primeiro crime, com a morte da dentista de São Bernardo do Campo, as entidades de classe procuraram o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, e pediram a criação de uma delegacia especializada em crimes contra cirurgiões-dentistas e outros profissionais liberais. “Ele não nos atendeu nesse sentido, mas disponibilizou uma lista de telefones e endereços das unidades policiais da capital e região metropolitana e do interior, que estão orientadas a dar atendimento específico e que nós divulgamos no site”, informou Miyake.
 
Antes desses dois assassinatos, disse ele, já se sabia da ocorrência de grande número de crimes e de tentativas de crime, mas não se  imaginava que os fatos ocorressem em localidades consideradas tranquilas, como a cidades do interior ou regiões nobres da capital.
 
“Hoje, depois dos relatos dos colegas, tenho certeza de que a quantidade [de práticas criminosas] é muito maior do que se pensava. Por isso, nos preocupamos em conscientizar o cirurgião-dentista da necessidade de adotar um protocolo mínimo de segurança. Não adianta só ele querer policial na rua. Ele também tem de tomar os mínimos cuidados para inibir uma possível atuação do assaltante no consultório”, disse Miyake.
 
Edição: Nádia Franco
 
Fonte: Agência Brasil

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