Bactérias mais presentes na boca de crianças

Bactérias mais presentes na boca de crianças

Entender como os hábitos alimentares e de higiene influenciam o microbioma bucal dos indivíduos e desvendar as consequências desse processo para a saúde são objetivos de um projeto de pesquisa espanhol intitulado Saca La Lengua (Mostre a Língua), coordenado pelo Centre for Genomic Regulation (CRG) de Barcelona. Os primeiros resultados foram apresentados pela pesquisadora do CRG Julia Ponomarenko. 
 
Ela falou sobre o assunto no FAPESP/EU-LIFE Symposium on Cancer Genomics, Inflammation & Immunity – evento de três dias realizado na sede da Fapesp, cujo objetivo foi fomentar a colaboração entre cientistas do Estado de São Paulo e da Europa.
 
Foram coletadas amostras de saliva de 1,5 mil crianças de 15 a 16 anos de 25 cidades espanholas para que pesquisadores extraíssem e sequenciassem o DNA contido nelas. Para facilitar o processo de identificação dos organismos presentes, o grupo usou como alvo o gene 16S rRNA, que é encontrado em todas as espécies de bactéria com pequenas variações.
 
“Nosso método de análise permite construir um perfil das bactérias presentes na boca de cada criança. Mas conseguimos chegar até o nível do gênero. Não foi possível aprofundar a análise para identificar todas as espécies”, contou a pesquisadora.
 
Os gêneros mais abundantes nas amostras analisadas foram Streptococcus, Prevotella, Haemophilus, Neisseria, Veillonella, Rothia, Porphyromonas, Actinomyces, Fusobacterium e Gemella. “Bactérias do gênero Streptococcus foram encontradas em 100% das amostras e, em 68% dos casos, foi o grupo de bactérias mais abundante”, diz Julia.
 
Com base nesses dados e também em questionários respondidos pelas crianças, nos quais elas comentaram seus hábitos alimentares, de higiene e outros fatores relacionados ao estilo de vida, como contato com animais de estimação e tipo de moradia, o grupo do CGR tem feito correlações.
 
“Essas análises nos permitem ver quais bactérias tendem a estar mais presentes na boca de crianças que consomem bebidas açucaradas, bebidas energéticas ou salgadinhos. Agora vamos começar a analisar as informações mais profundamente e estreitar as correlações. No futuro, podemos aumentar nossa amostra para estudar um aspecto específico, como consumo de refrigerante, e concluir quais são os efeitos desse hábito”, conclui a cientista.
 
 
Fonte: ABO Nacional

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